São Pedro de Alcântara – Milícia de Santa Maria

SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA


Pedro de Alcântara nasceu no Reino de Castela, na cidade de Alcântara, em 1499. Filho de nobre linhagem, era descendente da antiga estirpe dos nobres de Sanabria. Desde cedo revelou inclinações para a vida espiritual e, ainda jovem, ingressou na Ordem dos Frades Menores, abraçando com fervor a Regra de São Francisco. Com grande inteligência e espírito de penitência, logo se destacou por sua profunda humildade, zelo pela oração e amor à pobreza evangélica.

Foi ordenado sacerdote e, aos poucos, tornou-se referência entre os seus irmãos por sua austeridade e sabedoria. Desejoso de maior rigor na observância da vida franciscana, dedicou-se à reforma da Ordem, buscando o retorno à simplicidade e radicalidade do Evangelho. Com autorização da Santa Sé, fundou em 1556 a Província da Arrábida, que mais tarde daria origem à reforma conhecida como "dos Alcantarinos". Nela, os frades viviam em pequenas casas, entregues à contemplação, ao jejum rigoroso, à penitência e ao silêncio — imitando a vida de Cristo pobre e crucificado.

Pedro, porém, não se destacava apenas por sua disciplina. Era homem de profunda intimidade com Deus. Passava longas horas em oração, muitas vezes em êxtase. Alimentava grande devoção à Paixão do Senhor e à Santíssima Virgem Maria, a quem recorria com filial confiança. Seu corpo, enfraquecido pelas penitências, era sustentado por uma alma abrasada de amor por Deus e pelos homens. Apesar de sua vida eremítica, era frequentemente procurado por leigos e religiosos, que desejavam conselhos e direção espiritual.

Entre os que se beneficiaram de sua orientação destaca-se Santa Teresa d’Ávila, reformadora do Carmelo, que reconhecia em Pedro de Alcântara não apenas um santo, mas também um apoio providencial para a missão que lhe fora confiada. Foi graças a seu encorajamento e intercessão junto à hierarquia eclesiástica que Teresa conseguiu aprovação para a fundação de seus mosteiros reformados. Em suas cartas, ela o descreve como "grande santo, de vida exemplar", e testemunha o perfume de santidade que exalava de sua vida e de sua morte.

Já próximo do fim de sua peregrinação terrena, Pedro recolheu-se ao convento de Arenas de San Pedro. Ali, entregou sua alma a Deus no dia 18 de outubro de 1562, aos 63 anos. Morreu pobre, como viveu, deitado sobre uma tábua, com os olhos voltados para o céu. Foi canonizado pelo Papa Clemente IX em 1669, e desde então é venerado como modelo de penitência, oração e ardente caridade.

Ao longo dos séculos, sua figura inspirou diversos movimentos de renovação espiritual. A escolha de São Pedro de Alcântara como padroeiro do Priorado do Brasil da Milícia de Santa Maria não é apenas uma honra histórica, mas um chamado constante à fidelidade radical ao Evangelho, à vida interior intensa e à consagração total a Cristo e à sua Mãe Santíssima. Ele é para os cavaleiros e damas da Ordem um espelho de santidade, coragem espiritual e serviço humilde, lembrando que a verdadeira grandeza está em ser, como ele, pobre de tudo e cheio de Deus.